Friday, March 03, 2006

Histórias do dia-a-dia

O Guisado
Sempre pintava guisado no almoço. Faca nem vinha mais pra mesa, a única coisa que havia pra cortar já havia sido, bem antes, junto com o crédito no açougue, mais do que cortada, a carne havia sido moída. Pra que a faca?

Pior, nem era um guisado de estirpe, era aquele esquisito, de segunda catega, feito com carne de úrtima. Só nervo, pelanca e sebo, forma aquela mistura que você mal vê o vermelho da carne, um guisado omo, branco, sabe como é?

Mete pimenta pra tirá aquele cheiro forte de inhaca, mete alho e cebola pra tirá o gosto de carne ruim, mete massatomate pra dar uma cor ao rebotrofe, mete sal, nem mete muito óleo porque o sebo já garante a lubrificação do prato.

Adispois fais um arroz tipo base, um solto ou presidiário, a seu gosto, e larga por riba o tal do guisado danado. Come que nem um padre, arrota que nem um abade e sai falando que comeu um strogonofis. O vidão!

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